"De repente, paralisou metade do meu rosto! O que está acontecendo??"

Dra. Márcia Vasconcelos
27 de nov. de 2020
3 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2024

Paralisia Facial de Bell - Saiba o que é e como tratar.

Dra. Márcia Vasconcelos CROSP 59151

A Paralisia Facial de Bell, também denominada Paralisia Facial Periférica, é uma condição na qual o nervo facial que controla a contração da musculatura do rosto, é lesado por uma inflamação, que leva o nervo a parar de funcionar parcialmente ou completamente.

Esta inflamação leva ao inchaço do nervo e dos pequenos vasos sanguíneos ao redor, que por serem cercados pelos ossos do crânio, ficam comprimidos e sofrem interferência na capacidade do nervo em conduzir os impulsos elétricos, levando a incapacidade do nervo de se comunicar com os músculos do rosto, causando paralisia da face.

Sintomas e diagnóstico

Os relatos sobre Paralisia Facial são muito comuns em Odontologia. Os sinais e sintomas comuns da paralisia de Bell são: fraqueza dos músculos de um lado do rosto apenas, com paralisia da pálpebra superior causando a dificuldade em fechar o olho e dificuldade para piscar, desvio da boca para o lado contrário ao da paralisia (boca torta) ao sorrir, pois, a boca desvia para o lado sadio no qual a musculatura contrai. Pode sentir uma diminuição do paladar na parte anterior da língua, salivação excessiva levando o paciente a babar. Pode sentir dor atrás do ouvido e ruídos altos podem causar desconforto no ouvido do lado afetado, uma condição chamada hiperacusia.

As mudanças causadas pela paralisia de Bell afetarão a aparência do seu rosto e até o modo como você sorri. Essas mudanças são muitas vezes óbvias para os outros e podem fazer com que a pessoa com paralisia de Bell sinta-se angustiada e evite atividades sociais.

O diagnóstico de paralisia Bell é um diagnóstico basicamente clínico e não depende de exames complementares. Não há necessidade de realizar exames complementares na emergência e o fato de não haver paralisia em outra região do corpo, pois a paralisia de Bell atinge somente a metade o rosto, não atingindo outras partes do corpo, enquanto que no derrame, ou AVC - acidente vascular cerebral, geralmente a boca entorta sem atingir o olho e outras partes do corpo também podem ser afetadas.

Causa

A causa da paralisia de Bell já foi motivo de grande controvérsia inclusive, há uma crença popular, de que ela possa ser causada por “choques térmicos” e “golpes de ar” o que não possui respaldo científico. Hoje a teoria mais aceita é que a lesão que causa inflamação do nervo facial, com interrupção do seu funcionamento, ocorre por infecções virais de diversos tipos. O vírus que mais frequentemente leva a paralisia de Bell é o herpes simples , o mesmo vírus que causa a herpes labial e a herpes genital. Outros vírus também podem causar a paralisia de Bell, incluindo o vírus da herpes zoster que causa a catapora, entre outros vírus como citomegalovírus e vírus Epstein-Barr que causa a mononucleose.

Resumindo... citamos abaixo alguns fatores que podem causar a paralisia de Bell:

Infecção ou inflamação no nervo facial

Trauma na cabeça

Infarto

Problemas de ouvido

Hipertensão

Diabetes

Doença de Lyme, uma doença bacteriana transmitida por carrapatos

Doenças autoimunes como a esclerose múltipla e a síndrome de Guillain-Barré

Sindrome de Ramsay-Hunt, que é uma infecção viral no nervo facial

Tratamento

Após a criteriosa avaliação para confirmação do diagnóstico da Paralisia de Bell ou Paralisia Facial Periférica, torna-se essencial a orientação e aconselhamento dos pacientes, visto que a maior parte deles procura a emergência acreditando ter uma doença grave, como um AVC.

O prognóstico da paralisia de Bell em geral é favorável, principalmente para os que possuem fraqueza leve e moderada na apresentação da doença. Cerca de 85% dos pacientes apresentam completa recuperação em 1 ano.

Deve-se ter cuidado com o olho afetado que, por fraqueza do músculo orbicular, não conseguirá fechar totalmente a pálpebra, deixando a córnea parcialmente exposta. Assim, uso de colírios lubrificantes durante o dia e oclusores durante a noite é de extrema importância para evitar complicações, como úlceras de córnea.

O uso de corticóides e antivirais poderá ser indicado, podendo auxiliar na recuperação, principalmente quando introduzidos assim que surgem os primeiros sintomas. A Fisioterapia também está indicada, auxiliando a recuperação dos movimentos.